domingo, 29 de agosto de 2010

Sopro

Um dia, sim, um dia.
Esse que pode ser o dia certamente nos fará saber que chegou.
Não pense que será tarde. Este termo não existe de fato. Dizer que é tarde é como esperar os dias de primavera pra reclamar do frio que virá no inverno. Nem um nem outro, portanto, deixaremos de saber que o dia chegara. Nesse dia por certo desistiremos de uma vez por todas de contar as coisas desacontecidas como falsos milagres. De tudo um pouco poderá ser dito porque, aos que ouvem uma coisa é o tato da palavra e outra, muito outra, o que se pode acrescer a elas com o olhar nosso de cada momento.
Isentos de qualquer petulância, cairão sobre nós todos os nossos desejos: ficaremos bem saciados e observadores e infectados de boa sensação. Você pode não acreditar em mim, e deve, mas continuo dizendo que não saberemos como reorganizar as coisas espalhadas pelo céu de nossa boca dolorida de tanto beijar.
De mãos livres e cabelos mais despenteados, o vento dos dias deixará que tudo se comova sem soluços. O caminho seguindo limpo como em todas as vezes que é pisado por pés debochados de belezas tontas e raras. E não deixamos que o pó.