sexta-feira, 29 de junho de 2012

Das delicadezas abissais



Não nos deixemos enganar:
O uso eficiente da sinceridade exige maior elegância e sutileza do que o uso da desfaçatez.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Dentro de cada um a moradia que o outro desabita e se olha não vê




Era tão ingênua que oscilava entre o desmedo de ter dito demais e o medo de  não ter sido bem clara.
      Gostava Dele de um tanto encantamento que ás vezes parecia não poder racionar e, noutras vezes tinha certeza mesmo que não podia dominar minimamente a razão quando em presença Dele.
Já lhe havia falado sobre isso de várias maneiras
Olhares
Poesias
Flores
Quitutes
Convites
E no meio do vazio em que Ele lhe deixava, embora os muitos muito obrigadas que dizia, entendia - Ela - que não havia chama a ser soprada ali, que não havia nada além do respeito que um dia Ele lhe dissera que queria levar consigo.
E no meio do vazio, quando Ele vinha lhe abraçar inteiro inteiro inteiro – e demorado – não sabia o que pensar, fazer, fugir.
Quando Ele lhe olhava no fundo dos olhos – úmidos por tanto esperar - sentia um negror contundente daqueles de perguntar o que afinal havia ali.
Quando Ele lhe deixava sem respostas nem beijos nem nada disso que faz brilhar,  Ela dizia ao silêncio (Dele):
– entendo, entendo.
Dizia:
- se me dás cuidado entro em lugares que queres fechados, vou-me nos teus dentros e quiçá não terias mais a polidez de me fazer parar. Quiçá entraria, se não me parasses, e assim não conseguirias mais ser o tão elegante que sempre.
Perguntava-se – encantada – se não teria Ele razão no meio do sorriso que não esquecera:
- você é problemática.
Teria ele dito... sem mesmo saber – que dó – da chave absolutória para o possível impasse, que era sua, (Dele), dentro dele, em posse permissiva. (Des)melindre?

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Portais do surreal


Com o copo, vazio, de conhaque nas mãos, Ela sonhou o sonho de volúpia que (nunca) iria acontecer.
Sonhou que flores surgiam do escuro com nomes escritos nas pétalas vermelhas. E Ele, lambuzado de bombons dourados, vinha lhe apertar entre os braços.
Vinha lhe despir rasgando longamente.
Vinha lhe insuflar de orgasmos as carnes tremeluzentes.
Vinha lhe emprestar o gozo mais demorado.
Vinha olhar no fundo de seus olhos.
Vinha lhe pingar na boca o quente que ansiava.
Vinha lhe dizer que sim.
Desproteger a noite 
Vasculhar seus segredos
Contar seus mistérios
Mostrar o fantástico mundo.
E ela, entre o tudo, desfazia-se em nadas
 E sussurrava
Que mais não queria
Que mais não podia
Que mais não precisava
Que era só esse o suor que esperava
O beijo louco que ardia.
E deixaria dormirem a seu lado os cabelos escapados do acaso
Rebuliçados
Confusos
Belos
Intensos.
E Ele desfigurado, intrépido, desnudo
Sorriria em gemido
Que sim e que sim e que sim
Que ela assim.
Depois, Ela virou as costas pra o copo e olhando a todos disse:
-Se o que escrevo é mentira? Não, nada é mentira. ...Boa parte é ilusão... e o resto é quase verdade...

Informação Preciosa


Espera!
Vamos conversar.
Tenho muitas coisas para Te contar de Ti.

domingo, 10 de junho de 2012

Príncipe forever sapo




Chegavas em tua casa, sozinho, a pé, carregando musicais.
Fiquei com medo que estivesses triste. Parecia.
Eu queria parar o carro,
brincar contigo,
perguntar se querias uma carona de uns 3 metros,
se querias que te ajudasse a levar o peso,
se querias compartir comigo algum outro peso que não estivesse a minha vista,
se querias que eu passasse a mão em teus cabelos,
se querias um chá,
se querias que olhasse dentro dos teus olhos com todo o afago que em mim te procura,
se querias minhas mãos em teu rosto,
se querias que te chamasse de gato lindo,
se querias responder com ‘miau’,
se querias que te falasse o quanto estavas brilhoso em tua performance há pouco,
se querias que te elogiasse a energia limpa e forte,
se querias que te beijasse com volúpia,
se querias que te beijasse com doçura,
se querias que fizesse massagem em tuas peles,
se querias que te abrangesse calmamente,
se querias fazer amor loucamente,
se querias ...deixar-me estar contigo um pouquinho só...
Depois senti medo outra vez, de que nunca ninguém te diga nada parecido com tudo isso que eu te diria se me quisesses ouvir.

Das (im)possibilidades




Se fosse possível existir o domingo perfeito, seria isso:
Ele chovendo
Eu dormindo
(além disso, puro silêncio cortado apenas pelo olhar de um cão ou por um ronronar felino)

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Musicasualidade




Uma lua
Muitos cabelos.
Certezas
Dúvidas.
C’est la vie...
Diriam todos
E eu?
O que diria eu?
Que nessas horas me falho em comunicar-nos...