quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Bem intencionada



Não, não entendia.
E não importava nem um pouco não entender.
Não precisava entender.
Era límpido, era bom e era despretensioso
Esse sentir.
Sentia sozinha? Sim, sozinha
Mas, há tanta coisa solitária que não tem nada de belo.
Aqui tem.
Os universos de simplicidade são assim às vezes.

Belezinha



Sou mesmo meio brega
...azar
Queria ser um vento para passar entre teus cabelos.
É só.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Da arte de perder tempo - Pensando

Cuidar-te-ia sim. (pensou).
Cuidaria suavemente tua dor ...se quisesses meus silêncios mais próximos dos teus...
(e riu sozinha lembrando que já sabia que tudo é impermanente)
(E os olhos das cenas, que pareciam não entender disso, ficavam a procura de uma trilha sonora)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Nisso


Viver, agora, era sempre assim: um misto perdido entre o tempo e o vácuo.
Não teria nada de seu, isso já sabia mas, definhava uns versos bem bonitos pra esse nada que intuía.
Um dia, ao ver-se frente a frente com o verdadeiro nada, balbuciou que sim, que absorveria esse estar assim.
Depois de muito tempo quando olhou o retrato na parede e sentiu meia lágrima vindo, pensou que talvez tivesse escolhido errado.
Mas já era tarde, era sempre tarde. O agora sempre passava sem pedir licença nem socorro.
Foi pra casa e não chorou.
Recolheu algumas nesgas de memórias e queimou, isso sim.
Se não adiantaria, isso não importava, queimou por simbologia.
Quando acordasse de novo sim é que iria saber do gosto da fumaça e de outros tantos que a vida levou.
Ficar com tudo sim é que também não servia.
Ficar com o que?
Se sabia que não queria nada.
E o caracol foi passando com suas folhas tremeluzentes a cortar os raios de sol em fendas agudas.
Ninguém mais ouviu falar disso.
E era assim, naquele momento, era assim.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Simples


Não, eu não sei
Quantos tipos de sorrisos eu te poderia provocar,
Nem se eles seriam tão fundamentais e precisos e elegantes quanto o que já usas  
Eu não sei quantas felicidades te poderia provocar
Mas sei que poderia tentar bastante

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Como é ser assim?

-Ei! Eu queria mesmo falar com você! (sorrindo)
-(desintendido) Ah é?
- Sim, é.
- O que?
- Falar...
- Ahhh...
           ...
E quando a manhã seguinte surgiu e foi espiá-los ainda juntinhos um no outro, viu que estavam bem brilhosos e ficou sorridente.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Diálogo indefeso


        Taciturno porque nenhuma idéia lhe arroubava a mente.
         Ouviu então:
-Daqui dessa minha parte, maior o pesar: turbilhões criadores, todos para não serem unipersonais. Vulcões em erupção eterna para compartilhamento...
- E que? Que pior?    Indaga o primeiro.
          E ouve:
-Que com ninguém acompanhante para a transformação de idéia em coisa. Que com nadie pra alumiar de vida o que só poderia ser-se em coletivo.
          Que entendia, disse então o primeiro falante. Mas pra seu supremo espanto, o outro contou que ainda havia algo maiormente pior.
-Que o que? O primeiro.
          O outro:
-Que o que eu sobro e a ti te falta não simetrizam-se de ser. Que o que te daria eu de bem e bom agrado, não quererias receber tu. Que se quisesses abarcar em teu espaço vazio, o que de meu espera uso e acalanto, ali não caberia.
-Que sim. Sinalizou o primeiro observando as tessituras de cada um....
             E balançaram as cabeças
                     E acenderam um cigarro
                           E seguiram olhando pra dentro das coisas.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Pupilares


- Quem lhe disse que valia a pena esses pingos escorrendo de seus dedos quase apáticos?
- Ninguém – resmungou o Lobo Mau.
             E imediatamente pulou pra dentro desses olhos boquiabertos e perguntantes, lambendo a boca e tudo o que havia nela.
               ...a Chapeuzinho dormiu satisfeita...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Aos que fazem parte



Na amorosidade.
...que é o simples.
Conversa que o espaço, grande e entre, não quebra.
As energias aptas.
Estou a favor dessas belezas.
Revejo-as incessantemente em presença mesmo não.
Uns nos outros, acalanto.

sábado, 27 de agosto de 2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Pecado

              Algumas pessoas aguçam tanto meus sentidos mais básicos (e puros!) que eventualmente,     
              escolho fugir de  perto delas por medo de,      eventualmente, assustá-las.
         ...E sim senhores,
                é hipótese nada querida assustar
                     quem eu quereria apenas enlouquecer
                                  (de prazeres rústicos).

domingo, 7 de agosto de 2011

Olhares

Expressão em códigos sobre presença que suspira os sentidos,
                   não é preciso entender.

       Só é preciso desfiar os tecidos e prosseguir nas carnes,
honey...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Fitas

A sabedoria desdenhosa dos desapegados?
Como reunir-se no abismo sem pressentir a seqüência dos dias?
As pessoas que não tem tempo estão ocupadas no hoje ou ficarão pra sempre sem ter tempo?
Da fissura dos dias descontados emergem lampejos criativos?
Quem é que pinta o aroma dos raios de lua?
Enquanto se espera, o tempo passa?
As obras primas perenes foram feitas sem nenhuma intenção esdrúxula?
Como se sabe que é anônimo o saber do anônimo que se expressa?
Calem-me... por favor...



quinta-feira, 14 de julho de 2011

Saudades

Venha ocupar de um chá o dentro desse tempo que não temos.
Vamos sorrir cansaços e abraçar–se os olhos quase dormentes.
Venha,
que o depois,
esse não vem nunca.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Medroso

Que, não há convite às vezes,
(talvez por tantos já antes ...o cansaço)
E depois... olha-se o tempo que passa veloz...
E vem um vento.
E a noite corre,
E a vida anda,
E o momento se esvai...
E passou sem.
(nem chance à hipótese do sim)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A cada um

Há dias em que um não querer muito terno
passeia pelas ruelas escuras dos dentros calados de cada um.
Às vezes aparecem sorrisos.
Às vezes se escondem soluços.
De bem perto olhado, o que parece esquisito pode deixar de ser.
E o que será de todos?
Os olhos,
             muito abertos,
espreitam o horizonte.
Nenhuma palavra dita.
O silêncio dourado dos suspiros soluça breve.
E esses corpos,
       mais breves ainda,
                desmancham-se em sentidos elegantes.
     É esse o mistério?

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Parâmetros



Recomendou que parasse de morder unhas, de falar sozinha e de olhar pro céu a noite, boquiaberta.
Depois disse que devia sempre acontecer-se de jeitos que alegrassem seu próprio coração.
A criança passou mais de 20 anos tentando adequar uma cousa a outra.

Equilibristas


Reaprender incessantemente a equilibrar-se no fio tênue da navalha da existência.
Esse o talento exigido.
Começar e recomeçar mantendo a vulnerabilidade necessária aos que não se desapercebem.
Olhar cada alvo sem esperança como os madrigais anônimos.
Deixar o barulho do choro passar sem causar auto indulgência.
Escrever sem corrigir pra não perder o sentido genuíno.
Falar pouco para ser bem ouvido.
Observar sem denuncias
Afagar sem pretensão
Gozar sem máculas
Abri-se sem perder-se
Perder sem remorso
Abandonar sem mágoa
Deixar ir pois tudo se vai
Voltar se assim é bom
(E sem que ninguém ousasse dar-se conta, apareceu um nó nas gargantas e todos os sorrisinhos foram enforcados.
Depois, algumas pessoas foram dormir com os olhos congelados enquanto outras, na cozinha, preparavam iguarias sem igual.
Na cabeça de todos uma suspeita de engodo dava voltas tontas.
Quando perguntados pelas luzes, ninguém contou.)
...Viveram iniciais pra sempre...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

E, tem sentido escrever?
quando-sempre-nunca -tempo?
O não engano, o que pode ser? um esquisito responsável para não engajar demais?
e em vários muitos às vezes recrio. E desconverso.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Quietudes

Poeminho tortuoso esse:
Horas aflitas pelos não-ditos.
Momentos descabelados pelo dito.
Pessoas alteradas cospem palavras na madrugada mas,
Haveria outra saída?
(Onde é o estar das coisas que ainda não?)
Sim, sim, havia mais que silêncio naqueles dias.
Poderia ter sido...
Poderia não ter sido...
Tudo isso que é e não é nos olha de soslaio.
Há um murmúrio inquieto em quem não quer ver o que está ali
Inerte na janela das horas,
Implorando audiência...
Mas quão fracos seremos, tão ingênuos ou tolos ou covardes
Que não damos passagem ao que insiste em se insinuar?!
Se as palavras desfazem os lacres... é uma pena?
Porque as palavras... elas não agem...
Elas não agem meus deuses!
As palavras apenas dizem e as possibilidades ficam todas ali,
Estiradas no tapete inerte das horas, dos dias, dos tempos...
As palavras... que abismo entre elas e os corpos...
Palavras são enfeites de ação então...
E fica o dito pelo dito
O não dito por não dito
E a experiência protelada.
Perguntamo-nos de onde nos vem esse impávido movimento de olhar as palavras.
Perguntamos e não nos respondemos porque não sabemos.
“Falar é fácil” nos aponta o ditado pelos tempos dito.
E os olhos presumivelmente sagazes vêem tudo ao redor
...e arregalados se espantam
...por tanta
Palavra
Comprida
cumprida
descumprida
e a vida encomprida as palavras
e fica verbal?
Averbada?
E apesar de tudo custa saber que não há como tudo ser dito.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sem graça

Não saber o que fazer com a consistência insistente de quando o tempo borda o mesmo trajeto de novo.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Pedinte

Queria que escrevesse sobre o amor livre.
Disse não.
Disse: não entendo o que escrever sobre isso.
Do alto de sua alta conduta observou-me em silêncio enquanto engatilhava o violão.
Nenhuma música, nenhuma palavra.
Embora esse texto seja ficção, está suspensa no ar toda a intenção que alguém possa ter entre esses dois seres.
A verdade das mentiras está em não se achá-las

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Martírio

Tu te presumes impecável?
Que não, respondeu.
E mesmo quando andas sem torturas?
Que sim, disse.
Não se falou mais desse assunto até o dia em que não pecou mesmo embora todos os assuntos implorassem.
No outro dia confessou: que parecia ter sido impecável naquele momento.
A menina saiu pulando e foi contar a novidade: conhecera uma pessoa que fora impecável.
Mas quando? Perguntaram.
Ontem. Respondeu. E chorou ante o sorriso do perguntador.
Ontem já passou. Disse-se.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Gotas


...Que parecia ter compreendido a relatividade, disse.
-Hein? Perguntou o espectro sonolento.
Ela sorriu, jogou a cabeça para trás,  –depois te explico- disse, e gozou.
Para fora da cama - ao lado - as árvores e a lua. E para lá iriam quando sem querer as peles se pedissem uma à outra.
(Era como se fosse nunca naqueles dias.
A chuva era aquilo que se produzia ouvir em si mesma.)
Ele embalou o canto do nome que chamava na voz sedutora ininterrupta e a fez engasgar-se de belezas e salivas pela audição.
–Alou? E ele cantou seu nome, E ela deliciou-se do outro lado.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O outro lado


I – Quando se levantou para dizer olá derrubou tudo a sua volta.
Depois corou. Depois respirou. Depois descobriu que o olá era para a pessoa que estava a seu lado.
Ficou sozinha no meio do susto...

II – Quando se levantou para dizer olá derrubou tudo a sua volta.
Depois corou. Depois respirou. Depois descobriu que o olá não era para si. Era para a sensação que provocava.
Tendo desmoronado tudo quebrou o olá e ficou sozinha no meio do assombro dos dois.

III – Quando se levantou para dizer olá derrubando tudo a sua volta os relógios dos mundos apertaram todos os stops menos o de sua fragrância mental.
Viu-se cercada por elfos e gnomos em meio a um sonho insano com girassóis ventando. A sua frente uma mão estendida sem luvas fazia promessas noturnas. O mundo que corria em volta cantando frenesis era soberbo e sonolento. Sua própria pele pulsava a maneira de um coração cheio.
Pegou a bolsa na cadeira caída e saiu do lugar.

Leite sem café


Desembalada por música erudita,
vôo sem sair do lugar,
asas quebradas,
eu dorido,
finais supostos,
descomeços estudados,
erudições sem inicio em desassombro,
volto de ficar sem ir.

Olho.
Murmuro.
Descreio.
Não posso estar...
Não quero estar...

É um sonho
Sim é um sonho
Sonho
Sonho
Apenas um sonho
Saber

Na brancura alva sem luxo
Elegante engano
Descaminho desde o começo
Com lágrimas
Assombros
Braços
Há braços
Abraços

Contínua armadilha cálida
Auto preparo
Reparo
Descompasso múltiplo
Tinha medo no começo
Tem medo agora
Medo do medo

Desmedo
Dentro
E fora
Nada?

Agora

Não importa se o pretérito é perfeito ou desperfeito. Passou.