Chegou, como era de seu costume, e depois de
abraçá-la total, grande e longamente como era de seu costume e, depois de fixar os olhos nos dela -
total, grande e longamente – perguntou, como não era de seu costume:
-Você
se curou de doer de mim?
Ela manteve-se nos olhos dele, enfiou de
volta em seu próprio olho com um dedo invisível a lágrima que queria
suicidar-se pulando precipício-rosto abaixo e pensou
em todas as vezes que ele chegava e lhe
abraçava total, grande e longamente,
em todas as vezes em que ele lhe punha os
olhos dentro dos seus profunda, mansa e pacientemente,
em todas as vezes em que ele não lhe respondia
aos convites por prudência e cuidado de ser sincero e dizer não,
em todas as vezes que ele não via seus dedos
em sangue pela colheita de rosas desenhadas para ele,
em todas as vezes em que ele tomava
iniciativa de perguntar-lhe se bem estava,
em todas... as vezes...
Então ela respirou e olhou pra os pés. Depois
ergueu os olhos dos pés e colocando uma das mãos nas barbas dele, entrou de
novo em suas pupilas e sorriu. Depois se levantou e saiu. Muda.
Ouviu que a chamavam, de maneira desesperada
e ansiosa. Num passo quase sôfrego alguém a seguiu. Ela parou e escutou: era o
garçom.
Ela
esquecera de pagar a conta.