sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Treinamento


Às vezes olhava ao redor e finalmente desistia de ser. Conhecer o êxtase é um privilégio.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

     Porque não voltas sem saber o caminho e faz de novo todos aqueles impossíveis teus...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Detalhe

Frase errada,
Estilo errado,
Múltiplo errado.
Se o erro é um princípio de acerto
(porque melhor do que nada acontecido)
Sigo exprimindo.
Pensava tanto que quase não tinha tempo de viver.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

LIBERDADE ou LUGARES

Um lugar onde as pessoas que querem dizer o desejo não tem vergonha de fazê-lo e, por outro lado, maravilhosamente, o receptor não se perturba, não se disfarça em ofensa.
 Assim não se passa por opções sem experimentar sê-las. Nunca mais.
Um olhar, ao enriquecer-se de outro, compartilha a beleza sem desvios.
Se o tato pede existência, segreda-se ao outro se aceita e o outro se sim e quer, deixa e pronto.
Um beijo translúcido faz pedido a quem organiza essa vontade e esse, se sim e quer, deixa e pronto. 
Olhar o que cada olho vê muito belo, sem pressa e com demora, não é nesse lugar nada de maus modos,  a beleza permite o olhar. 
Parece que nesse lugar já se sabe da não ousadia de saber-se um só enquanto todos. Assim é que cada um oferece (a si em todos) o presente como um presente. É. É isso. Viver.

Timidez



Dentro do tempo ecoava  –Não me diga o que fazer!
Dentro do tempo ecoou  – Diga-me por favor o que fazer!
-Vejamos o que se pode fazer. Eis a etapa seguinte.
Na pausa da releitura, desnudando mundos, esgueirada, espreitando.
Aqueles olhos espevitados, sempre dependurados, olhando.
O auge do discurso de há muito desestabilizado.
As lacunas de tempo...
Engraçado dizem alguns.
Sofrido dizem outros uns.
Vívido, eventualmente, por supuesto.
Enquanto se vão de mãos entrelaçadas, a luz e a sombra, os olhos espiando o tempo.
Quando não se fala por intuir silêncio é luxo. Dos mais elegantes.
Quando se fala por sobra de coragem pode ser lucidez.
Que o ego dorme então. Não sobra medo.
Escrevendo desnudada é que invisto no desvestir-me, sei.
Quando a lua, soberba e nobre, brilha desafastando temporais,
há noites de choro.
Suavemente afasto os cabelos, passo as mãos pelo rosto e desassombro qualquer coisa ingênua que insiste em ser vista e sentida apesar de todos.
Nós nunca deveríamos não estar presentes.
Não vou contar isso a ninguém, ela disse.
Sim! Por favor espalhe! disse ele.
Mas não sabia, preciosamente não sabia, da beleza que tentava ela esconder...
De si mesma?

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Enquanto isso

Poderia dizer muito. A ti, a mim, a ela, a quem.
Não quero dizer.
Me oculto em intuir o silêncio como sabedoria desse agora.
(Calada me mantenho em sintonia?)
Queria saber de certas coisas mas não pergunto.
Desatrevida pertenço.
As interfaces se esvaem... nem dó nem dor.
A vida que segue e anda contínua deslinda e desmelindrada nos engolfa.
Eu sei que sabíamos de alguns poucos poréns, eu sei...
(Mas dos olhos não convém nunca lembrar demais ...dizemos sem acreditar muito.)
Depois alguns foram para longe e outros para muito distante.
Músicas tolas ou ambíguas jaziam mortinhas em nossos ouvidos.
Essa gente nunca mais vai se ouvir? Pergunta um.
Os outros riem e desdecifram alhures os luminosos sem luz, sem luz...
Digo então que melhor dormir, olhando de soslaio a esfinge.
Não, devia de novo dizer que hoje é o melhor dia de hoje...


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Queria

De onde me respiro nesse agora, poucas coisas me serviriam.
Não que elas tenham nome, e nem é preciso.
Elas tem cheiro, gosto, memória.
Essas poucas coisas que agora me serviriam garimpei pelo tempo afora com faro apurado de buscadora.
Sei de alguns espaços que não quero mais estar.
Não por nenhuma arrogância, por pura simplicidade.
Leva-me contigo, às vezes digo.
Vem buscar-me me escapole da boca quando não vejo.
De lume em lume me aprecio e os olhos aqueles que infinitamente me arrebatam, desnorteiam-se calados.
Olho outra vez com a abundância da serenidade e sorrio para essas coisas.
Do meio delas surges, sem previsão de futuro e direcionas o tato a minhas possíveis permissões.
Fecho os olhos para não ver e desacordar do não sonho.
Suspiro alto e amanso as idéias.
Depois, muito depois, pode haver um outro dia que ninguém pensou em sim.
Enquanto isso sigo desvirtuada por meus próprios assombros.
Esmagando as coisas que me serviriam agora...