domingo, 26 de fevereiro de 2012

Cálice



Era tão inacessivelmente lindo que nem combinava com o quanto agradável também era.
Eu, entre pasma e encantada, olhava.
Olhava desde não sabia quando, sempre que podia. O lamentável é que pouco (eu) poderia, ao que parecia...
Que mais (ele) não deixaria, parecia...
(ai que desperdício... toda essa minha disponibilidade onírica estagnada...)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Dois idiotas cada qual com seu umbigo


Olhos no chão, confessou:
- Menti quando disse que você não me assusta.
E partiu correndo sem olhar pra trás.
Ele ficou lá, olhos na distância.
Pensou em correr atrás dela mas...
Se ela já estava assustada...
Fazer o que...

Encruzilhada



      
        Entender não é exatamente o delicado da questão.                 
              Entender a gente até entende um universo de coisas bem considerável.
                Sutileza é conviver com aquilo que ‘entendemos’.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Ode ao caminhar




Muito obrigada a todos.
Profundamente agradeço a cada um que tem estado, cruzado, impedido ou permitido meu caminho.
Mestres que provocam meus sentidos.
Que dilaceram minhas opiniões.
Que escancaram minhas dores.
Que chicoteiam meu ego. Meu temível ego... tão pessoal...
Mestres que provocam meu choro criança.
Que adiam minhas frágeis decisões.
Que aceleram minhas frágeis decisões.
Que me adornam, me derrubam.
Que aderem, que discordam.
Que me provocam a não ser.
Desestabilizada agradeço.
E faço votos que persistam até tornarem-se inúteis.
(E canto á humildade
A paciência
A compaixão
A brandura
...que aspiro...)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ad Corpus


Algumas culturas chamam o abraço de pequena morte.
           Outras, chamam o orgasmo de pequena morte.
      Eu digo que pequena morte
                            é quando dois pares de olhos
                                 dissolvem-se um no silêncio          profundo
                                             da imensidão do outro.                                  

Líquidos insólitos



Bêbada de idéias, (como de costume aliás) esboço esse pensamento plurideslocado.
Quando olho essas cervejas, tintos, conhaques, uísques, champagnes e vinho branco espumante seco natural (que a pouco não sabia existir), me pergunto.
Perguntada, não respondo-me.
Estilo da questão: beber só, é compaixão?
Porque, afaga-me a filosofia, se a bebida faz reuniões das mais improváveis, o beber só, que sentido?
(Não tem nada doce nesse armário meu onde contemplo as garrafas de todos os etílicos listados antes. Já isso é um sinal?)
Quando nos embrulhamos em faltitudes estúpidas é mais amargo ainda, talvez. (faltitude é saudade).
Digo estúpidas porque as inventamos mesmo, inteiras. Inventamos saudades daqueles que não nos abençoam com muito mais que alguns segundos de sua existência compartilhada (os chamados ‘difíceis’).
...e a verdade (mais triste) é que refleti sobre tudo isso por pura falta de jeito de chegar nuns determinados olhos e dizer se quereria beber comigo...
(sigo encantanda achando que nos beberia com bom gosto).
Tempos deveras estranhos... ‘curtir’ que o outro bebeu (querendo ser a bebida, seria isso insincero?)
Talvez estejamos mesmo perdidos entre os tempos.
De qualquer maneira, espero.
...encantada (mesmo longe de confundir-me com princesinhas até porque, hoje ganhei uma coruja esculpida e vi outras tantas, muito próximas de mim, tão próximas que dei de amá-las como uma louca sem estimações mais tocáveis).
E encantada, apenas sigo essa pergunta (que não faço por algum tipo de conflito – decerto destes de timidezes) ecoando em meus trôpegos pensares: se quererias beber comigo.