quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O outro lado


I – Quando se levantou para dizer olá derrubou tudo a sua volta.
Depois corou. Depois respirou. Depois descobriu que o olá era para a pessoa que estava a seu lado.
Ficou sozinha no meio do susto...

II – Quando se levantou para dizer olá derrubou tudo a sua volta.
Depois corou. Depois respirou. Depois descobriu que o olá não era para si. Era para a sensação que provocava.
Tendo desmoronado tudo quebrou o olá e ficou sozinha no meio do assombro dos dois.

III – Quando se levantou para dizer olá derrubando tudo a sua volta os relógios dos mundos apertaram todos os stops menos o de sua fragrância mental.
Viu-se cercada por elfos e gnomos em meio a um sonho insano com girassóis ventando. A sua frente uma mão estendida sem luvas fazia promessas noturnas. O mundo que corria em volta cantando frenesis era soberbo e sonolento. Sua própria pele pulsava a maneira de um coração cheio.
Pegou a bolsa na cadeira caída e saiu do lugar.

Leite sem café


Desembalada por música erudita,
vôo sem sair do lugar,
asas quebradas,
eu dorido,
finais supostos,
descomeços estudados,
erudições sem inicio em desassombro,
volto de ficar sem ir.

Olho.
Murmuro.
Descreio.
Não posso estar...
Não quero estar...

É um sonho
Sim é um sonho
Sonho
Sonho
Apenas um sonho
Saber

Na brancura alva sem luxo
Elegante engano
Descaminho desde o começo
Com lágrimas
Assombros
Braços
Há braços
Abraços

Contínua armadilha cálida
Auto preparo
Reparo
Descompasso múltiplo
Tinha medo no começo
Tem medo agora
Medo do medo

Desmedo
Dentro
E fora
Nada?

Agora

Não importa se o pretérito é perfeito ou desperfeito. Passou.