sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Da loucura suave e mais alguns arrepios



 
Convidada por teus olhos,
transbordo-me em teus mares.
Alinhavo teus entornos enquanto te desenhas no espaço (insuficiente).
Quando caes em mim, afogando todas as minhas reticências,
sorrimos até o riso.
Este, amplo e voluptuoso, esmaga os talvezes e os senões.
Partimos estrada afora (de mãos dadas sempre que possível).
Ninguém sabe o caminho...
...nem nós.
E pouco importa.
É alegre, exuberante,
E parece sincero.
(Até quando finjo tremer de medo para deliciar-te de ventanias brincadas)

sábado, 17 de novembro de 2012

Depoimento simples escrito sob elegante encanto (estilo ‘sob efeito do canto da sereia’)





Essas coisas tão boas de viver...
Corpo ficando quentinho quando antes enregelado,
Corpo ficando fresquinho quando antes cheio de quentura,
A sede sendo afogada a cada gole d’água,
O sono habitando aos poucos o ser-total no desmanchar do quase-dormir,
Os braços se irem abrindo pra receber um corpo,
O corpo no meio do abraço,
O oco preenchido do corpo que abraça,
Cheiros-aromáticos-inebriantes desnorteando os sentidos,
Gemidos involuntários explodidos por esses cheiros,
Gemidos involuntários nascidos da delicadeza selvagem do tato e do gosto na lingua,
O sorriso que diminui os olhos de puro gozo,
Olhar o corpo nu da lua deitada em pose na noite,
Cada escama arrepiada ao toque onírico-afetuoso,
O vento na pele,
Os dedos do vento nas pérolas da borboleta que mora nas encruzilhadas do polvo...

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Que nome tem?




Minhas fronteiras desertas.
Minhas veias abertas.
Um crepúsculo infinito.
As vozes
As sombras
Esse vão por entre os múltiplos espaços concretados no ‘mundo real’.
O cansaço contido entre olhar e experienciar.
Experimento dormir.
Quando quase consigo, emergem atrozes os conceitos
...famigerados conceitos
Atropeladores da vacuidade.
Destemperados eles invadem meu quase-sono.
Entrevejo de novo todo o muito que olho (lá dentro do horizonte) e não alcanço tocar.
Chamo nomes sistematicamente.
Me alongo em direção a eles, decididamente.
      Até que,
                  parada,
                            Contemplo.
          Sem entender, calar.
(calar não é o silêncio mais profundo. O profundo tem  uma música de ouvir pela pele. Estou desafinada)
                E o caminho de volta...
(despertar não é acender os olhos depois do quase-sono. Despertar seria ter demolido esses conceitos enlouquecedores)
A noite, correr atrás do sono.
Pelos dias, andar atrás de acordar-se.
E perceber de vez em quando que o que habita não identifica nem desarma
depois que o sussuro morre na boca.
E para (des)pensá-lo tem que obrigar-se a estar em outro ponto desses esquadros: que nunca existiu.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Permesso




Deixe que eu te diga,
ainda uma vez,
sobre o infinito que guardas nos olhos.
Deixe que eu te olhe
ainda esta vez,
inebriada de encanto
e contidos espasmos,
o quanto me urges
se imagino tua pele.
Deixe que eu fale,
ainda uma vez,
que ponho em tuas mãos meu beijo
para que o tenhas em caso de necessidade extrema.
Deixe que eu te pense,
ainda uma vez,
como uma potência brilhosa
a esperar por nós-brilhosos.
Deixe que eu,
ainda uma vez,
te ilusione de flores
e bombons
e canções       
e bilhetes
e suspiros.
Deixe que meus afetos,
ainda uma vez,
perdidos no vácuo
do teu silente ‘não’
sejam sims para teu ego,
...e te acalentem.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Bem assim





Suspirou de como era bonito gostar assim sem expectativa.
Disse, que era muito lindo olhar sem esperar por nada.
No meio da noite fria
No meio dos cigarros fumaças
No meio do vinho bem tinto
Disse que não ia parar.
Disse que sabia agora como era isso de sentir bem.
Bem sentida, acordada e não dolorosa olhou pra toda a lua em simples.
Disse que não ia dormir sem dizer umas buenas noches a quem.
Respondi que como, que nem ia saber o adorado ser receptor.
Respondeu-me que sim, que saberia sim,
Que sem saber saberia porque sentiria um bem.
Eu, que não quis magoá-la sorri e fui.
Ficou lá dando as buenas noches com toda aquela doçura-onírico-afetuosa pronta a ocorrer, certa de que aquilo era bem.
E deve ter sido...
(Que os bens que se recebe sem saber são sempre os mais firmes?)