quinta-feira, 11 de abril de 2013

Lembretes da manhã





uma pétala passeia entre mim e o mundo

uma nuvem com cara de passageira voa sobre todas as casas

não estás em frente a meus olhos

só meu corpo entende o que vasculhas 

e o vento excita...

Flo





às vezes me enterneço
mas ninguém sabe,
com as flores na chuva perdendo pétalas,
com as folhas que não coloquei em teus cabelos,
com os cabelos que não descabelei ontem,
com tanta coisa, mas tanta...
que nem lembro tudo...
só lembro dos teus olhos olhando a chuva na flor

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Estando




O fio é tênue
Meu equilíbrio  ainda mais
Seguimos
(Seria caso de pausar?)
As ondas lambem a areia com algum tipo de benção que não sou capaz de nominar.
Nem isso...
(Há muitas coisas agora que não sou capaz de nominar).
Pode ser o começo de alguma sabedoria equilibrista?
Sim, pode.
E também pode não.
Dentro da noite, conseqüência do dia, afino entendimentos que quiçá, ninguém mais pensará.
(Juntar fragmentos não deveria vir assim, sem querer. Deveria acontecer somente quando se quer com muita força).
Treino a eventualidade: maestria de poucos.
Vislumbro a sagaz humildade tropeçando.
Cumpro rituais que sei necessários embora não imediatamente prazerosos.
(A areia lambida me olha com um quase desdém e eu respiro compassadamente)
São os mestres da desimportância a te favorecer (sussurra um dos meus outros eus a meu ouvido)
Sim, eu respondo. Sim, eu já sabia.
(O que ainda não encontrei de saber é como expirar esse estar tão tênue sobre a linha que não questiona, não faz questão, não escolhe)
Distraidamente a mercê, é para estar por desapego?

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Da loucura suave e mais alguns arrepios



 
Convidada por teus olhos,
transbordo-me em teus mares.
Alinhavo teus entornos enquanto te desenhas no espaço (insuficiente).
Quando caes em mim, afogando todas as minhas reticências,
sorrimos até o riso.
Este, amplo e voluptuoso, esmaga os talvezes e os senões.
Partimos estrada afora (de mãos dadas sempre que possível).
Ninguém sabe o caminho...
...nem nós.
E pouco importa.
É alegre, exuberante,
E parece sincero.
(Até quando finjo tremer de medo para deliciar-te de ventanias brincadas)

sábado, 17 de novembro de 2012

Depoimento simples escrito sob elegante encanto (estilo ‘sob efeito do canto da sereia’)





Essas coisas tão boas de viver...
Corpo ficando quentinho quando antes enregelado,
Corpo ficando fresquinho quando antes cheio de quentura,
A sede sendo afogada a cada gole d’água,
O sono habitando aos poucos o ser-total no desmanchar do quase-dormir,
Os braços se irem abrindo pra receber um corpo,
O corpo no meio do abraço,
O oco preenchido do corpo que abraça,
Cheiros-aromáticos-inebriantes desnorteando os sentidos,
Gemidos involuntários explodidos por esses cheiros,
Gemidos involuntários nascidos da delicadeza selvagem do tato e do gosto na lingua,
O sorriso que diminui os olhos de puro gozo,
Olhar o corpo nu da lua deitada em pose na noite,
Cada escama arrepiada ao toque onírico-afetuoso,
O vento na pele,
Os dedos do vento nas pérolas da borboleta que mora nas encruzilhadas do polvo...