segunda-feira, 16 de maio de 2011

Quietudes

Poeminho tortuoso esse:
Horas aflitas pelos não-ditos.
Momentos descabelados pelo dito.
Pessoas alteradas cospem palavras na madrugada mas,
Haveria outra saída?
(Onde é o estar das coisas que ainda não?)
Sim, sim, havia mais que silêncio naqueles dias.
Poderia ter sido...
Poderia não ter sido...
Tudo isso que é e não é nos olha de soslaio.
Há um murmúrio inquieto em quem não quer ver o que está ali
Inerte na janela das horas,
Implorando audiência...
Mas quão fracos seremos, tão ingênuos ou tolos ou covardes
Que não damos passagem ao que insiste em se insinuar?!
Se as palavras desfazem os lacres... é uma pena?
Porque as palavras... elas não agem...
Elas não agem meus deuses!
As palavras apenas dizem e as possibilidades ficam todas ali,
Estiradas no tapete inerte das horas, dos dias, dos tempos...
As palavras... que abismo entre elas e os corpos...
Palavras são enfeites de ação então...
E fica o dito pelo dito
O não dito por não dito
E a experiência protelada.
Perguntamo-nos de onde nos vem esse impávido movimento de olhar as palavras.
Perguntamos e não nos respondemos porque não sabemos.
“Falar é fácil” nos aponta o ditado pelos tempos dito.
E os olhos presumivelmente sagazes vêem tudo ao redor
...e arregalados se espantam
...por tanta
Palavra
Comprida
cumprida
descumprida
e a vida encomprida as palavras
e fica verbal?
Averbada?
E apesar de tudo custa saber que não há como tudo ser dito.

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