segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Diálogo indefeso


        Taciturno porque nenhuma idéia lhe arroubava a mente.
         Ouviu então:
-Daqui dessa minha parte, maior o pesar: turbilhões criadores, todos para não serem unipersonais. Vulcões em erupção eterna para compartilhamento...
- E que? Que pior?    Indaga o primeiro.
          E ouve:
-Que com ninguém acompanhante para a transformação de idéia em coisa. Que com nadie pra alumiar de vida o que só poderia ser-se em coletivo.
          Que entendia, disse então o primeiro falante. Mas pra seu supremo espanto, o outro contou que ainda havia algo maiormente pior.
-Que o que? O primeiro.
          O outro:
-Que o que eu sobro e a ti te falta não simetrizam-se de ser. Que o que te daria eu de bem e bom agrado, não quererias receber tu. Que se quisesses abarcar em teu espaço vazio, o que de meu espera uso e acalanto, ali não caberia.
-Que sim. Sinalizou o primeiro observando as tessituras de cada um....
             E balançaram as cabeças
                     E acenderam um cigarro
                           E seguiram olhando pra dentro das coisas.

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