terça-feira, 29 de maio de 2012

Enquanto Carlos olhava a quadrilha



Era uma vez Maninha que amava João que amava Tetê que amava Augusto e Roberto.
Augusto não conhecia Tetê, Roberto gostava mais do violão do que de Tetê, João sabia do amor de Maninha mas não o queria, Maninha amava João mesmo assim.
Roberto morreu de violãozite, Augusto foi embora sem nunca olhar para Tetê que sempre olhava pra ele, João sempre olhava pra Tetê e não olhava pra o olhar de Maninha.
Tetê ficou louca completa e João já tinha parado de olhar para ela. Nem ficou sabendo.
Maninha amava João e ficava triste quando percebia que ele estava triste. Queria cuidar dele. Queria mesmo sabendo que ele não queria querê-la do jeito que ela o queria. Maninha queria dizer a João que ele não precisava gostar complicada e demoradamente dela, que ela queria, mesmo assim, dar alento onírico-afetuoso a ele nas horas tristes e passar a mão em sua cabeça e tomar chimarrão com ele e ouvi-lo e fazer comidinhas gostosas pra aliviar sua tensão. João não conversava com Maninha e ela então usava o discreto de não comunicá-lo de suas vontades de estar de braços abertos para qualquer eventualidade de ser abraço para ele.
Suponho que tenham todos vivido ou morrido assim solitários, cada qual com sua maledeta esperança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário