Nos domingos as pessoas tem
cara de quem botou fora almas que nem sabia a quem pertenciam.
Ficam com os olhos parados e dentro
refletem abóboras enfeitadas para o natal de quem tem comida. Os que não tem
também tem um ar um pouco parecido com isso embora não cintilem abóboras
enfeitadas em suas pupilas hirtas.
Alguns ficam brilhantes e envidraçados mesmo
quando a todos os custos queiram parecem afeiçoados a alguma coisa que nem
mesmo o mais sensível de todos os seres de todos os reinos seja talvez capaz de
supor o que ilusiona essa ilusão.
E seguimos todos como se
soubéssemos
para onde ir definitivamente.
Borbulhada de gargalhadas solapadas eu
perguntaria se você já nasceu e pronto.
Quem pensa que sabe o caminho vai a frente
muito sério com doutos ares.
Quem pensa que quer fingir que sabe vai um
pouco atrás dizendo oh, ah e assemelhados.
Quem pensa que já sabe que não
sabe vai em qualquer lugar e olha a paisagem enquanto anda para não deixar que
o ar esteja em vão nos mundos.
Há ainda quem nada pensa e assim
nem vai: já está.
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